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Museu do Pão  

Brasil Arquitetura 

Ilópolis, 2005-2007 

 

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Caminhos dos moinhos - Museu do Pão
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Situação: Construído

Tipo de Intervenção: Intervenção em patrimônio

Acervo: Objetos históricos

Caráter: Público

Referências

Apresentação

O pequeno Museu do Pão (2005-07), projetado pelo escritório Brasil Arquitetura é exemplar da impugnação de fronteiras fixas entre o popular e o culto, estimulando a interação entre história, cultura e a vida da comunidade. A partir da recuperação de um moinho de grãos desativado (Moinho Colognese), construído pelos imigrantes italianos que chegaram em massa ao Brasil entre o final do século XIX e início do XX, idealizou-se um centro de resgate da memória e das tradições locais, constituindo-se como novo centro significativo da pequena cidade de Ilópolis, no estado do Rio Grande do Sul.

Ao moinho construído em madeira de araucária, árvore típica do sul do país, os arquitetos adicionaram dois volumes prismáticos em concreto, vidro e madeira, dispostos ortogonalmente ao redor da antiga edificação. Em um deles situa-se o museu, onde peças simples de valor histórico e afetivo ajudam a contar a história da comunidade, enquanto no outro funciona uma escola de panificação, recuperando a tradição como algo vivo e plenamente operativo.

No mesmo sentido, ao invés de transformar o espaço do velho moinho em sala expositiva, preferiu-se preservar as características originais do espaço para trituração de grãos de milho e trigo para a feitura de farinha. Os arquitetos criaram, dessa forma, uma arquitetura narrativa, em diálogo com a tradição construtiva local e com o entorno.

Além de valorizar a memória coletiva e criar um centro de capacitação profissional, o Museu do Pão faz parte de um projeto turístico denominado Caminho dos Moinhos, idealizado em 2003 e que integra seis moinhos ao longo do vale do rio Taquari, na serra gaúcha. A criação de rotas turístico-culturais tem se disseminado pelo Brasil nos últimos anos, indicando um processo de museificação que transcende o âmbito de edificações isoladas para alcançar parte do território.

O pequeno museu representa ainda o grande número de edificações de uso cultural construídas em cidades pequenas e médias do país, tendência que adquiriu força também na última década do século passado e conservou, ao menos até poucos anos atrás, um notável vigor.

O estúdio capitaneado por Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz, possui larga experiência na reconversão de bens patrimoniais em equipamentos culturais, entre os quais podemos destacar a participação no já citado MON, o Conjunto KKKK (1996), na cidade de Registro, o Teatro Polytheama (1995), em Jundiaí, e o Teatro do Engenho Central de Piracicaba (2009), entre outros.

Na Praça das Artes (2009-12), complexo cultural vinculado ao Teatro Municipal de São Paulo destinado a atividades de música e dança, um grande conjunto de edifícios ocupa uma fissura urbana e conecta três espaços importantes do centro da capital paulista. Incorporado aos novos volumes, o antigo Conservatório Dramático Municipal foi restaurado e reabilitado, mas ocupa um papel de importância secundária frente à grande escala do complexo.

A experiência em intervir no patrimônio edificado e a atitude de colocar em diálogo o antigo com o novo é uma herança visível do trabalho de Lina Bo Bardi (1914-92), arquiteta ítalo-brasileira com quem Ferraz trabalhou durante longo tempo, de quem também herdaram o encantamento e a sensibilidade pela arte e cultura popular do Brasil.

Ivo Giroto, 2018

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