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Galeria Claudia Andujar ↗ 

Arquitetos Associados 

Brumadinho/Inhotim, 2012-2015

 

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Claudia Andujar   uma vida com os Yanomami
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Situação: Construído (escritório convidado)

Tipo de Intervenção: Obra nova

Acervo: Fotografia

Caráter: Privado de acesso público

Apresentação

A Galeria de Cláudia Andujar (2012-15), faz parte de parte de um complexo museístico de caráter bastante peculiar. O Inhotim, localizado na cidade de Brumadinho, em Minas Gerais, é uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) idealizada pelo empresário mineiro Bernardo de Mello Paz a partir de meados da década de 1980. Em meio a um imenso parque com paisagismo luxuriante, espalha-se um vasto acervo de arte contemporânea, distribuído pelos espaços do parque e em 23 galerias temáticas de diversos artistas, projetadas por escritórios capitaneados por jovens arquitetos locais.

Os Arquitetos Associados, composto pelos arquitetos Alexandre Brasil, André Luiz Prado, Bruno Santa Cecília, Carlos Alberto Maciel e Paula Zasnicoff Cardoso, além de assinarem o projeto da galeria Claudia Andujar, também projetaram as galerias de Doris Salcedo (2006-08), Miguel Rio Branco (2008-10) e Cosmococa (2008-10). O escritório Rizoma, de Thomaz Regatos e Maria Paz, assina as galerias de Lygia Pape (2010-12) e de Tunga (2011-12), enquanto o Play Arquitetura, de Marcelo Alvarenga, é responsável pelos pavilhões de Marilá Dardot (2011) e Carlos Garaicoa (2012). Rodrigo Cerviño Lopez é autor da Galeria Adriana Varejão (2004-08), feita especialmente para abrigar uma única obra da artista.

A Galeria de Cláudia Andujar expõe as fotografias da suíça de origem judia radicada no Brasil desde 1955, com ênfase na série de imagens que retratam a vida e a cultura dos índios Ianomâmis, entre os quais Andujar passou 14 meses entre 1974 e 1976.

Situado em uma parte alta e densamente arborizada do parque, a galeria parece mergulhada em meio a uma floresta tal qual uma taba indígena, de forma integrada, porém não mimética. A composição fragmentada ameniza a percepção volumétrica e tira partido das vistas oferecidas pela elevação natural do sítio.

Exteriormente, texturas desenhadas nos planos quase inteiramente cegos de tijolo cerâmico aparente diminuem o peso dos blocos e parecem evocar os caprichosos grafismos indígenas feitos em pinturas e artesanatos. Três pavilhões simples, caracterizados por uma gradação em tons de cinza, contrastam com o caráter intimista, sensorial e profundo da obra da fotógrafa, revelado pelo uso de recursos de luz e movimentos de câmera. Entre as salas, um corredor de pé-direito baixo, de escala residencial e novamente marcado pela textura cálida dos tijolos oferece vistas abertas ao entorno, alternando as percepções de interior e exterior, quente e frio, pessoal e impessoal, íntimo e público.

O uso de tijolos e madeira remetem ao universo “natural” da floresta, essencialmente ligado à terra e a seus recursos. Batizada de Maxita Yano (casa de barro) pelos Ianomâmi presentes à inauguração, a galeria tem apenas um pavimento e utiliza materiais e técnicas construtivas simples e baratas. A forma episódica como se comunica com a natureza ao redor lembra a estratégia anteriormente utilizada pelos arquitetos na Galeria Miguel Rio Branco, enquanto a composição formal e distributiva remete ao projeto da Galeria Cosmococa.

A composição tripartite das salas expositivas obedece a curadoria de Rodrigo Moura, organizada sequencialmente nos módulos “A Terra”, com imagens da floresta amazônica; “O Homem”, com fotos da vida cotidiana dos Ianomâmis; e “O Conflito”, com fotos que retratam o encontro dos indígenas com o homem branco. A narrativa curatorial evoca a estrutura concebida por Euclides da Cunha em sua obra-prima literária Os Sertões, de 1902: “A terra”, ”O homem” e “A Luta”.

Desde a incorporação do vazio como parte essencial da espacialidade, passando pela escolha dos materiais, e culminando na ênfase narrativa da obra, a Galeria Claudia Andujar busca uma arquitetura baseada na exploração da experiência.

O coletivo formado pelos Arquitetos Associados representa uma forma de trabalhar cada vez mais comuns entre os profissionais na atualidade. Primeiro pela forma aberta com que os projetos são desenvolvidos, nem sempre com a participação de todos os integrantes e muitas vezes com a participação de colaboradores externos. Depois, pela busca deliberada de uma arquitetura sem linguagem definida ou fechada, dissolvendo o caráter autoral, algo também reconhecível na denominação genérica do escritório.

 

A composição flutuante e a dissolução da ênfase autoral cedem espaço a escritórios coletivos, na maioria das vezes batizados sem os nomes próprios de seus integrantes (Arquitetos Associados, Metro, Piratininga, Grupo SP, Núcleo de Arquitetura, Brasil Arquitetura, República, Projeto Paulista, Una, etc.) e até com siglas que dificultam o reconhecimento individual (SPBR, MMBB, FGMF, NPC, etc.).

Ivo Giroto, 2018

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