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Diálogos

Exteriores

O star system internacional no Brasil

FUNDAÇÃO IBERÊ CAMARGO
CIDADE DAS ARTES
MUSEU DA IMAGEM E DO SOM

O desembarque de figuras do chamado star system internacional é outra face distintiva do atual cenário arquitetónico brasileiro, bastante auto-referente e pretensamente autônomo ao menos até a eclosão dos discursos pós-modernos a partir dos anos 1980. Atraídos pela prosperidade económica da primeira década e meia desse novo século, e estimulados pela visibilidade trazida pela realização de grandes eventos esportivos, os equipamentos culturais desenhados por célebres arquitetos estrangeiros sugerem outros diálogos com a condição socioeconômica e cultural brasileira.

O primeiro deles, de efetivo impacto nacional e internacional, foi o projeto desenvolvido a partir de 1998 pelo português Álvaro Siza, para a sede da Fundação que abriga a coleção do pintor gaúcho Iberê Camargo, em Porto Alegre. Inaugurado dez anos depois, o edifício, implantado em um terreno de uma antiga pedreira desativada às margens do lago Guaíba, tornou-se uma das imagens referenciais da cidade.

Álvaro Siza Vieira

Fundação Iberê Camargo

Porto Alegre, 1998-2008

2 tbsp.

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3 cups

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Diller Scofidio + RENFRO

Museu da Imagem e do Som

Rio de Janeiro, 2009-?

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3 cups

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O lugar, entendido por seus atributos físicos e culturais, também foi usado como justificativa para a definição arquitetónica do novo Museu da Imagem e do Som - MIS, do Rio de Janeiro, projetado pelo escritório nova-iorquino Diller Scofidio + Renfro, em construção desde 2011. Escolhido por concurso realizado em 2009, o projeto venceu propostas feitas por importantes escritórios brasileiros e por outras figuras proeminentes do cenário internacional, como o japonês Shigeru Ban e o polonês naturalizado americano Daniel Libeskind.

 

Voltado à praia de Copacabana, caracteriza-se por uma dobradura de escadarias externas que levam ao terraço do museu vertical, definindo o edifício como uma promenade architecturale integral. O traçado arquitetônico do museu foi pensado como extensão do famoso calçadão desenhado por Burle Marx na década de 1970, que se desdobra verticalmente.

A maior parte dos projetos feitos pelos arquitetos estrangeiros no Brasil foram para equipamentos culturais

O caráter icônico e o diálogo com novas possibilidades expositivas também definem o projeto do Museu do Amanhã, obra do espanhol Santiago Calatrava, construído no Rio de Janeiro. Pousado como uma grande escultura urbana sobre o Píer Mauá, um braço de terra que parte da praça homónima sobre a Baía de Guanabara, seu volume horizontal alongado termina em grandes balanços nas extremidades, o que confere leveza à grande massa edificada. A relativa desconexão do cais da trama urbana circundante, e sua especial condição paisagística, amplificam o potencial icônico do museu.

Antes de Calatrava, em 2002, o francês Jean Nouvel havia elaborado uma proposta para a frustrada tentativa de implantação de uma filial do museu Guggenheim no mesmo sítio, ainda antes da demolição do elevado que cortava a praça.

Santiago Calatrava

Museu do Amanhã

Rio de Janeiro, 2009-15

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3 cups

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Christian de Portzamparc

Cidade das Artes

Rio de Janeiro, 2002-13

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3 cups

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Envolto em muita discussão e polêmica, o projeto do francês Christian de Portzamparc para a Cidade das Artes do Rio de Janeiro – originalmente Cidade da Música – deparou-se com o desafio de transformar o cruzamento entre as duas vias mais importantes da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, em um lugar significativo. No bairro idealizado por Lúcio Costa entre 1975 e 1979 segundo os preceitos do urbanismo moderno, o desenho do grande dispositivo viário de conexão entre as avenidas gerou dois grandes espaços residuais, separados pelas pistas da Avenida das Américas e cercados pelo intenso tráfego da região. Em um deles fica um dos mais importantes terminais de ônibus da cidade, e no outro, o grande complexo dedicado à música cuja construção durou de 2002 a 2013.

Portzamparc é de uma geração de arquitetos formados entre as décadas de 1960 e 1970, que declararam seu interesse e admiração pela experiência moderna brasileira. São conhecidos os depoimentos de figuras como Rem Koolhaas, Zaha Hadid e Norman Foster sobre o fascínio e o estímulo que as formas livres de Oscar Niemeyer exerceram sobre seus respectivos trabalhos

Jean Nouvel

Museu Guggenheim

Rio de Janeiro, 2002

3 cups

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Herzog & De Meuron

Complexo Cultural Luz

São Paulo, 2010

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3 cups

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Kengo Kuma e FGMF

Japan House

São Paulo, 2017

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3 cups

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Entre as incursões fracassadas de arquitetos estrangeiros no Brasil podemos destacar também o Complexo Cultural Luz, projeto de um grande equipamento voltado às artes musicais e à dança desenvolvido para a degradada região central de São Paulo pelos suíços Herzog & De Meuron em 2010. Caracterizado por uma sucessão de planos de lajes sustentados por pilotis, a arquitetura leve, aberta e fluida buscava referenciar a tradição moderna brasileira.

Finalmente, cabe destacar o já citado projeto da Japan House, representação institucional do Japão no Brasil, situado na Avenida Paulista, em São Paulo. O projeto é um retrofit de uma edificação existente, concentrando nas fachadas externas o potencial expressivo da intervenção. Na facahada voltada à Avenida Paulista um grande brise de madeira recobre a face do edifício, dissolvendo-se conforma avança no sentido do final do lote de esquina. O uso da madeira encaixada retrata a tradição construtiva japonesa referenciando com sutileza a arquitetura moderna brasileira, também evocada no entramado de pequenas peças de concreto que protege a fachada lateral.

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